sábado, 17 de novembro de 2012

Resenha Cabra Cega

                                                     Autora: Sheila Ribeiro Mendonça
                                                          Lançamento independente

Sinopse:
Clara e Gustavo se conhecem em um clube de Curitiba quando ela estava pensando em viajar, antes de começar a faculdade, e então se apaixonam e casam. Assim, a vida de Clara muda rapidamente. A mudança é radical, pois Gustavo se revela um homem agressivo, ciumento, possessivo, violento, ardiloso e perspicaz, com isso transformando a vida dela numa constante surpresa e esconde-esconde. Não somente de comportamentos, como também de cidades. Com o intuito de não criar laços com ninguém e, principalmente, de não deixar que a família de Clara saiba onde ela está, você vai acompanhar Cabra Cega sem ter a certeza de até quando aquela cidade fará parte dos planos de Gustavo. Em Cabra Cega acompanhamos os escondidos.

Resenha:
    Tenho muito prazer em fazer uma resenha de um autor independente, pois sei como é árduo não ter uma editora, por outro lado acredito que deva ser satisfatório ver seu livro com vida própria e saindo para o mundo mesmo sem o respaldo inicial.

    Conheci este livro através de um resenha que li, já tem algum tempo. Lembro que o que me chamou atenção foi a blogueira dizer que Clara, a personagem principal, era muito submissa. Eu já convivi com violência doméstica e quando adolescente achava a mesma coisa de minha mãe, porém depois percebi que não há submissão e sim medo, muito medo...

    Aprendemos desde pequenos que quando alguém faz algo errado é repreendido, então quando você se encontra nessa situação de coesão durante muito tempo, há o conflito do que é certo ou errado: Será que estou apanhando porque errei? Se eu fizer tudo certo vamos ficar bem? E é assim com Clara, que faz de tudo para não incomodar o marido, pois deseja que o casamento dê certo, o que de fato é impossível.  

    O livro é rápido, desenvolve com facilidade e não possui diálogos. Um estilo que atualmente é pouco explorado (ao menos nos livros que tenho lido) mas achei interessante, confesso que no início senti falta, mas como a leitura é fluídica logo se tornou dispensável. Uma escolha acertada da autora, mas um pouquinho perigosa, pois em alguns momentos senti necessidade de um slow motion, principalmente nas passagens de tempo. 

    A capa do livro eu adoro, acho claustrofóbica, como se a pessoa de olhos vendados estivesse aprisionada e este é exatamente o caso da protagonista.  
A autora Sheila demonstrou muita sensibilidade ao tratar deste assunto, colocando o agressor não como um monstro, mas como um ser humano de personalidade doente, provavelmente ligado a perda dos pais e que não admite perder mais ninguém. Os momentos de confusão interna de Gustavo, são de deixar qualquer um perplexo.
Há coragem em escrever sobre um assunto tão dolorido e incrivelmente importante, tenho certeza que muitas mulheres agredidas se viram nas mesmas situações descritas no livro, com as mesmas dúvidas e inseguranças. 

    Aproveito para deixar aqui o número nacional para denuncias relacionada a violência contra mulheres: 180.

    Um ditado que acho revelador é: "Quem cala consente" portanto, nesse sentido, não devemos nos calar nunca!!
    Parabéns Sheila por colocar este assunto em xeque. 

  Para quem se interessou e quer comprar ou até para conhecer mais do trabalho da Autora é só clicar aqui!!

    Bjos a todos!

15 comentários:

  1. Uau! Estou arrepiada com a sua resenha, minha querida, simplesmente AMEI. As pessoas preferem chamar de submissão por pura falta de conhecimento do que seja viver assim. Sim, recebi vários e-mails de mulheres que são Clara e de outras que conseguiram sair disso tudo. E parabéns por colocar o telefone nacional para denúncias relacionadas de violência contra a mulher! Nunca divulguei esse número em dois anos de Cabra Cega e só agora me dei conta de minha falha.Quanto ao ditado é por aí mesmo... Muito obrigada pela divulgação. ;)
    Beijo, beijo!
    She

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  2. Entao Fe! Engracado como uma coisa leva a outra ne?!
    Estava lendo sua resenha e nao pude deixar de lembrar dos meus queridinhos "auto ajuda". kkk
    Vi seu comentario sobre ter convivido com a violencia domestica e sobre o medo vivido por sua mae. Cresci em cenario parecido.Meu pai nao chegou a agredir fisicamente minha mae, mas acredito que as agressoes pisicologicas eram tao ou mais dolorosas quanto tapas, que so nao ocorriam porque minha mae nunca foi contra "as vontades do Mr King".
    Ja me peguei varias vezs pensando que se nao tivesse encontrado uma literatura de ajuda ou estimulo que me impulsionasse a questionar os habitos doentios de criacao da minha familia, certamente seria mais uma "Clara " da vida.
    Como te disse ,apanhava todos os dias e certamente acreditava que aquilo era normal, mesmo vendo que nao acontecia com todas as criancas da minha idade .Minha mae dava todos os tipos de desculpas possiveis para justificar a agressividade do meu pai. Coisas do tipo" ele e nervoso assim porque apanhou da mae","ele te bate para que voce seja uma boa menina","se voce apanhou e porque mereceu, pois ele so quer o melhor para voce".E eu chegava a achar que merecia tudo aquilo,mesmo sentindo que eu nao era a crianca mais arteira do planeta e que nao fazia nada anormal para minha idade.
    Quando com meus 8 aninhos me dei conta de que o problema nao era eu mas sim ele ,passei a questinar. Nao aceitava mais o "te bato porque sou seu pai".Queria saber o motivo ,e ao inves de esconder as marcas de todo mundo como era de costume, as deixava bem expostas ,para familiares ,amiguinhos e professores.Quando alguem me perguntava respondia sem vergonha :"Apanhei porque abri uma lata de nescau mesmo ja tendo outra aberta". Quando era da familia eu dizia para perguntar a ele. Ate que ele foi parando .
    Eu poderia sim ter me tornado uma pessoa amedrontada e submissa, mas ter tido conciencia de que o problema nao era comigo tao cedo acho que me livrou disso.
    Em contrapartida me tornei um tanto intolerante a rompantes de macho/ditador que ataca de vez em quando a ala masculina. Por isso ja estou no segundo casamento e acho que ainda casarei umas tres mais. kkk

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  3. Querida Silvia Abreu, o seu comentário é de uma riqueza de detalhes e verdades que eu te agradeço imensamente por ele. Me emocionei, bastante, porque existem "Claras" de diversas formas e seguimentos e em todas elas as marcas ficam, principalmente, as emocionais. Infelizmente existem muitas famílias doentes, infelizmente...
    Beijo, beijo!
    She

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  4. Oi Fê!
    Esse livro possui uma história bem real, né?
    Eu não gosto de ler esse tipo de livro pois acabo ficando com raiva dos personagens... Sei que se ler esse, vou ficar com raiva do Gustavo.
    Sua resenha está ótima.

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  5. Oi Sheila! Primeiro quero te parabenizar pelo assunto tao comum em algumas familias e ao mesmo tempo tao delicado abordado no livro. Acho de extrema importancia que as pessoas mesmo nao tendo passado por isso, possam ter uma ideia de quao complexo e doloroso costuma ser a vida de milhares de "Claras" que estao espalhadas por nossa sociedade. Hoje,felizmente fala-se mais no assunto, mas num passado nao tao distante era quase que proibido abordar o assunto ou questionar como pais educavam seus filhos. Lamentavelmente dessa criacao quase sempre saiam "Claras e Gustavos" formando novas familias e mantendo o circulo vicioso da violencia,obcessao,medo...Lamentavel
    Fernanda fez uma otima resenha , nao conheco o livro ainda mas me deu ate vontade de ler.Com certeza esta entre minhas proximas obras. Como disse a Sora Seishin acima, estou pronta para odiar ou mesmo sentir pena do Gustavo pelos proximos meses.
    Alias, pena ,foi tudo que consegui sentir pelo meu pai por todos os anos em que ele se perdeu em meio a agressao,possessividade,drama... O que me faz lembrar que o outro lado tambem vive um drama interno muito proximo ao medo.
    BJSSSS

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  6. Oi Fe,
    Esse é um dos livros que está na minha lista de leitura e já li várias resenhas positivas sobre ele pela internet.
    A sua resenha está perfeita, o que só fez a minha vontade de ler essa obra aumentar.

    Beijinhos
    Renata
    http://escutaessa.blogspot.com.br
    http://www.facebook.com/BlogEscutaEssa
    @blogescutaessa

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  7. Eu li uma resenha desse livro há pouco tempo, nunca tinha ouvido falar. Parece bem interessante, ainda mais que não tem dialogos, só não sei se ia aguentar ler sem me cansar ^^

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  8. Uma outra resenha que li sobre o livro não falava muito bem sobre ele, e agora, com a sua, me empolguei mais. Quem sabe um dia vou querer ler, mas acho que agora não é o momento oportuno, justamente por ser forte, apesar de ser fácil de ler, o que é muito bom. Fiquei pensando e acho que sentiria falta de algum diálogo, acho estranho. Isso me deixou mais curiosa pra ler, porque nunca li um livro sem diálogos nesse estilo, pelo que me lembro. E é muito bom a autora explorar esse assunto, que é pouquíssimo falado.
    Beijos.

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  9. Ainda não tive a oportunidade de conhecer esse livro
    Mas esse tema forte e a resenha me convidam a conhecer
    Meus parabéns pela resenha

    Beijos
    @pocketlibro
    http://www.pocketlibro.blogspot.com.br

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  10. Oláá!

    Achei super interessante a proposta do livro, e sua resenha - que ficou ótima, por sinal - instiga qualquer um a querer conferir. Não conheci a obra, mas me interessei, viu!? Adorei.

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com.br

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  11. Muito obrigada Silvia, você não faz ideia do quanto os seus comentários me foram importantes e ricos, beijo, beijo!

    Quero aproveitar e agradecer o comentário de todos, beijo, beijo pessoal!

    Beijo, beijo querida Fê! ;)

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  12. Oi flor,
    Legal ver livros de autores independentes por aqui porque realmente e bem complicadone...porem pelo que li esse tema não me chama muita atenção... ainda mais nos momentos que estou vivendo então...
    Bjsss
    Raquel Machado
    Leitura Kriativa
    http://leiturakriativa.blogspot.com/

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  13. Fê, vou abusar e colocar aqui os pontos de venda... ;)

    Para quem tiver interessado em adquirir Cabra Cega segue o link com os pontos de venda:

    http://sherimendonca.blogspot.com.br/p/livros_15.html

    Beijo, beijo em todos!
    She

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  14. Nao conhecia o livro mas fiquei super emocionada e curiosa pela historia.. realmente é uma situação que muita gente enfrenta e as vezes aceita e vai empurrando com a barriga por puro medo ou sei lá por qual outro motivo... Qdo eu era pequena, minha mãe sempre foi muito estourada e qualquer coisa era motivo pra bater. Até hje tenho uma cicatriz na perna por ela ter me batido com a parte da fivela do cinto e aquele ferrinho entrou carne adentro só pq pedi um ovo emprestado pra vizinha falando que ia fazer bolo, mas usei pra quebrar na cabeça da menina que tava fazendo aniversário, ou pq ficava correndo pelada pela casa fazendo hora pra não ir tomar banho. Acho que são coisas bobas pra serem reprimidas na base da pancada... Parece que ela vivia frustrada e queria descontar a falta de paciencia e amargura que sentia desse jeito... Mas depois ela casou de novo e passou a aceitar desaforos, apanhar e deixar que o maluco fizesse mal pra mim e meus irmãos, ela deixou de bater, mas por medo de perder o cara que ela acreditava ser o amor da vida dela, não fazia nada contra ele, por medo dele ir embora. Sò que o cara não era nada meu, meu pai nunca levantou a mão pra mim e eu não aceitava mesmo esse delinquente achar que era o rei do pedaço... Eu revidava... Ja devo ter quebrado uns 3 ventiladores nas costas dele rsrsrs
    Até que eu com meus 15 anos cansei de toda aquela palhaçada e de viver aquele inferno e fui embora morar com minha vó. Desde então tuuudo foi diferente... Acho que se isso não acontece na nossa familia, acontece com alguem que a gente conhece...

    Eu particularmente abomino e não aceito nem concordo com qualquer tipo de violência, principalmente contra alguém que não tem como se defender. Acho que as coisas funcionam muito melhor na base da conversa, explicando o que pode e o que não pode...

    Mas enfim, fiquei bem curiosa mesmo pelo livro. Tb gostei muito da capa! Com certeza leria!

    Bjokas e parabens pela excelente resenha!

    Flavia - Livros e Chocolate

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  15. Uau!! Feer, arrasou na resenha!!
    Já conhecia o livro e tenho interesse , mas vou deixar pra 2013, esse ano já estourou kkk'
    O livro retrata um coisa que acontece todo dia o dia ou melhor todo minuto, segundo, milésimo...Quantas mulheres não sofrem violência doméstica...
    A única coisa que meio que me desapontou foi para um tema forte e complexo como esse eu achei o livro muito pequeno. Mais não posso julgar sem ler :)
    Parabéns a autora e a vc Fer pela bela resenha.
    Beijos
    Brubs

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