sexta-feira, 17 de maio de 2013

Literatura e Sonhos

Olá você, se não for pedir muito pode, por favor, me contar o seu sonho desta última noite?
Caso seja uma pergunta muito íntima ou eu esteja rompendo alguma etiqueta social desconhecida, vou lhe contar o meu para que se sinta mais confortável:



Eu estava passando por uma ponte suspensa, dessas que são presas de um lado a outro, sem nada que a impeça de balançar, eu havia passado por esta mesma na adolescência e morri de medo, levei muito tempo para chegar no extremo oposto, pois me arrastei por ela como uma lesma. Mas no meu sonho foi diferente, foi fácil! Tanto passava seguramente, quanto fazia planos de instalar um bungee jumping ali (acordada isso é um plano que nem passaria pela minha cabeça...). Quando cheguei no outro lado, já com os pés no solo firme, senti todos os pelos do meu corpo arrepiarem, pois quem estava atravessando era meu filho de cinco anos, o pavor voltou elevado ao máximo e eu acordei assustada.

O que isso significa? Freud provavelmente teria a resposta, pois foi ele que tornou os sonhos aceitáveis, não apenas como um grande combustível para o surrealismo na pintura, mas também na ficção mainstream, como um guia para complexos e neuroses dos personagens, que por um tempo se tornavam o personagem em si.

Mas eu me reservo ao direito de sonhar sem nada retirar deles, principalmente dos ruins. Sempre gostei de pensar nos sonhos como diversão para aquele um terço da sua vida, imagina como seria tedioso dormir tanto sem ter sonhos!

Ultimamente tenho encontrado em alguns livros personagens tendo sonhos premonitórios e coisas do tipo e comecei a me perguntar: pode um personagem de ficção sonhar por sonhar, apenas por diversão?

Procurando por respostas encontro as interessantes considerações da escritora canadense Margaret Atwood:

"Será que você devia, como autor de ficção, permitir que seus personagens tenham sonhos? Algumas pessoas acham uma má ideia, mas não há nada que o impeça: as pessoas sonham mesmo, sonham todas as noites, e ter personagens que não sonham de jeito nenhum é como ter personagens que não comem. Mas isso também não é um problema: algumas histórias não tratam de sonhos nem de comida. Ficaríamos chocados se Sherlock Holmes, James Bond ou Miss Marple começassem de repente a contar seus sonhos, embora novas gerações de heróis de thrillers e romances policiais sejam autorizados hoje – eu percebo – a ter mais vida pessoal. O que pode incluir mais sonhos. Mas não muitos mais. Você não vai querer que os sonhos atravanquem o caminho dos cadáveres.

Deixe o personagem sonhar se for preciso, mas tenha em mente que os sonhos dele – diferentemente dos seus próprios – terão um significado atribuído a eles pelo leitor. Seus personagens terão sonhos proféticos, prevendo o futuro? Terão sonhos sem consequência, como na vida real? Usarão os relatos de seus sonhos para irritar ou agredir ou iluminar outros personagens? Muitas variações são possíveis. Como em tantos outros aspectos, não é uma questão de fazer ou deixar de fazer, mas de fazer bem ou fazer mal."


E você? O que acha? Conte dos seus sonhos e do sonhos dos seus personagens!

Bjos a todos

4 comentários:

  1. Adoreeei! *.*
    O primeiro personagem que eu consigo lembrar é do HP, que por causa da cicatriz conseguia ver coisas que o Voldemort fazia! Mas nao tinha controle sobre isso...

    E faz muito sentido o que Margaret falou... EU não consigo imaginar um escritor adicionando na história um sonho de um personagem, e não dar significado a ele... Mesmo que tenhamos milhares de sonhos sem significados todos os dias! Talvez pelo fato de só lembrarmos de sonhos que nos marcaram, provavelmente a gente imagina que um autor só contaria se tb tivesse significado... O.o

    Adorei a postagem! Já divaguei! Hhaha!

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  2. Não lembro do meu último sonho, mas lembro de um que eu sempre tinha, um pesadelo na verdade.
    Antigamente meu pai tinha um bar na orla daqui de João Pessoa e era lá que se desenrolava meu sonho.
    Eu era pequena e meu tio, mãe e pai trabalhavam nesse bar, e eu e meu irmão sempre ficávamos lá depois da escola. Então, aparecia um monstro que matava todo mundo da minha família, arrancava os braços e cabeça (muitos detalhes e muita carnificina pra uma criança de 8 anos) e eu me escondia em um armário. Quando o monstro me encontrava eu me fingia de morta e ele ia embora. Aí eu acordava chorando e todo o processo.
    Esse sonho se repetiu por anos, mas nunca mais o tive =D

    Beijos
    Isa
    www.passaporteliterario.com

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  3. Eu gosto de acreditar que cada sonho te sua importância, não só na ficção onde com certeza eles sempre têm uma explicação, mas na vida real também, por algum motivo eles fizeram parte da nossa noite...

    Um super beijo, Vanessa Meiser
    http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

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  4. Vixi, geralmente sonho com tanta coisa maluca, que não é estranho ter o Ian Somerhalder, Harry Potter e minha vó no mesmo sonho rs
    Gosto de pensar que cada sonho é um aviso, que aquilo algum dia vai acontecer comigo ou com outro alguém, não necessariamente com os mesmos personagens
    bjos

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