segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Autores Nacionais: O mercado está pra peixe!



A escritora Andrea Del Fuego, ganhadora do prêmio José Saramago de 2011 com o romance Os Malaquias, está há algum tempo caindo nas graças da crítica com bons contos como a Trilogia da Mentira e muitas antologias das quais participou. Não sei no entanto se ela esperava se ver presa em um dilema sonhado pela maioria dos escritores: decidir entre as propostas de cinco editoras para ver qual publicaria seu livro. Evento raro no mundo editorial visto que - infelizmente - Ficção Nacional não costuma gerar disputa, não entre autores consagrados e mais raro ainda nos novos.

Apesar das constantes discussões que vejo por aí, ouso dizer que o mercado está do nosso lado sim, talvez como nunca esteve, abrindo caminho para autores de ficção que, mesmo não vendendo como escritores estrangeiros, estão atraindo o interesse das grandes editoras.
Acredito que o Brasil ter sido anunciado como convidado de honra da Feira de Frankfurt de 2013 - maior evento editorial do mundo - pegou muitos editores de surpresa e os fez perceber a importância de oferecer um catálogo de autores locais contemporâneos.

As noticias são animadoras: as maiores editoras do Brasil se preparam para descobrir e publicar novos autores, cito como exemplos: a Record - uma das casas que mais investem em nacionais - pretende ultrapassar 20 novos este ano, A Companhia das Letras pretende dobrar seus romances locais e lançar mais de um por mês, a Globo com um bom catálogo de infantojuvenis pretende lançar novos nomes e já sonda alguns e faz novos convites.

Isa Pessoa ex Diretora Editorial da Objetiva, muito conhecida pelo investimento em nacionais - especialmente por coloca-los nas listas dos mais vendidos - e agora, a frente de sua própria Editora a Foz, novamente usa como ênfase de seu catálogo a produção nacional.
Isa respondeu algumas perguntas da Colunista da Folha Raquel Cozer, deixo o Link para quem se interessar pela reportagem na íntegra e pelos dados completos.

Na Objetiva, você era conhecida pelo seu trabalho com autores nacionais. Agora, chega um momento em que outras grandes editoras estão demonstrando mais interesse na produção de ficcionistas contemporâneos. O que aconteceu, de um, dois anos para cá, para levar a esse movimento?

Não consigo imaginar ambição mais bela, como editora brasileira, do que publicar autores nacionais que vendam bem, que cheguem às listas, sejam lidos e queridos pelo público –e pela crítica também, aí a gente chega perto do paraíso.
Foi o que aconteceu, por exemplo, quando publicamos a coleção Plenos Pecados, na Objetiva, e por alguns anos os autores brasileiros ocuparam a lista de ficção, às vezes cinco ao mesmo tempo (Ubaldo, Verissimo, Torero, Noll, Zuenir). Mas isso aconteceu do final dos anos 1990, até 2000. Depois, não me lembro de tantos escritores nacionais irem para a lista ao mesmo tempo.
De dez anos para cá, os estrangeiros passaram a dominar as vendas, como sabemos, os índices de nosso mercado traduzindo o que acontece mundo afora, enfim globalizados “comme il fault”. As tiragens de ficcionistas brasileiros minguando, com exceções louváveis nessa fase comercialmente ingrata para os autores nacionais.
A disputa internacional pelos autores e por séries de sucesso do livro que vira filme esquentou nosso mercado no início do milênio: todo mundo querendo o novo cachorro, o novo vampiro. E o autor brasileiro ofuscado, sem atenção do marketing das editoras, vendendo pouco. Mas um editor também precisa dos prestígio dos prêmios literários, da presença midiática na Flip –o que aguçou nos últimos anos, a meu ver, a busca por brasileiros que ocupassem esse lugar, ampliassem essa pesquisa por ficcionistas talentosos, de preferência jovens.
Vale ressaltar, nesse contexto, a compra de livros pelos programas governamentais, incluindo regularmente a ficção brasileira, que passaram a representar uma saída comercial para a publicação de autores nacionais de qualidade.


Em geral, a ficção nacional não entra na lista de mais vendidos. Acha possível, sendo realista, que esse cenário mude nos próximos anos?

A ficção nacional pode atrair mais leitores, sim, não tenho dúvida disso. Quando a editora investe mais na campanha de lançamento de um livro, e esse livro é bom, condição “sine qua non”, ele pode alcançar patamares maiores de venda do que se fosse lançado numa baixa tiragem, sem atenção da mídia, do editor, dos livreiros.
Prêmios literários, presença na Flip etc. são fatores determinantes na divulgação do nome do autor junto ao público, o que contribui para o círculo virtuoso, quando o livreiro dá mais atenção ao livro, e o consumidor também. Mas, se o livro não consegue o bom boca a boca, esqueça. É isso, no frigir dos ovos, que fará o livro vender mesmo, superar uma carreira regular, modesta, e alcançar a lista dos mais vendidos.
Claro que um autor nacional consegue escrever esse livro, por isso precisa de tempo para fazê-lo, de competência, de diálogo com o editor, de condições financeiras para tanto, de divulgação qualificada etc. Isso custa caro, e o editor precisa investir, naturalmente se o livro convencê-lo. 



Como você seleciona autores para a Foz? É diferente hoje de como era quando você selecionava autores para a Objetiva, pensando, por exemplo, no maior número de agentes literários hoje em atividade no país?

A oferta é muito grande. Hoje talvez maior ainda, tendo em vista –também– o maior número de agentes literários. Todo dia recebo pelo menos um original novo para avaliar.
São basicamente os mesmos critérios de avaliação, ainda mais rígidos, na verdade, em função de um cronograma enxuto –a qualidade do texto, o potencial do autor, sua disposição em trabalhar junto com o editor, esculpir esse texto, esgotar todas as chances de aprimorá-lo.
Acho que me tornei uma editora mais exigente, sim, em função de um novo projeto profissional.


Lendo essas e outras entrevistas dada por ela achei impossível não simpatizar com uma pessoa tão empenhada com o que é nosso. Aos "haters" de plantão, aqueles que pararam lá pelos anos 2000 - em que nossos autores sentavam e aplaudiam as vitórias de fora - preciso dizer que este ano é nosso, abram os olhos e acima de tudo aproveitem!!

Bjos a todos!









6 comentários:

  1. É bom ver que o mercado esta se expandido para os autores nacionais, afinal, em nosso país temos talentos grandiosos, capazes de levar ao público um diversidade de estórias =D

    Bjs

    daimaginacaoaescrita.com

    ResponderExcluir
  2. Aproveita aí Fe! Aproveitar essa investida e seduzir o brasileiro com obras que façam esta década ao menos memorável a nível de literatura para nossos filhos .

    ResponderExcluir
  3. Fico muito feliz em saber que o mercado para os nossos autores esta crescendo, temos tantos talentos incríveis, que ficam lançando trabalho independentes...Ah!! Fer aproveita e se joga Bi!!
    Beijos
    Brubs

    ResponderExcluir
  4. é isso aí amiga, temos muitos nacionais quebrando a banca dos de fora... Eu já tenho uma lista, porém acho que á muita disputa, tem que ter fé e correr atras..
    òtimo post!!

    beijos
    http://www.dailyofbooks.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. O mercado está crescendo e isso é obvio, a questão é que a maioria desses autores são desconhecidos para nós infelizmente, adoro a iniciativa das editoras e espero poder ler muitos nacionais esse ano.

    beijos, Lu
    Lendo ao Luar

    ResponderExcluir
  6. ótimo momento mesmo *-*
    torcendo muito pela valorização.
    beijos
    amy - Macchiato

    ResponderExcluir