quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Aos inícios: as devidas proporções

Já é um fato conhecido aqui neste blog, meu amor por começos e por fins.
Há quem diga que sou cheia de manias, mas já afirmo: Não sou a única!
No livro: "E a história começa – Dez brilhantes inícios de clássicos da literatura universal” (Ediouro, tradução de Adriana Lisboa, 136 páginas, R$ 29,90), o escritor israelense Amós Oz trata deste assunto que gosto tanto.

Mas de que serve um bom começo? Talvez seja uma espécie de contrato, formulada entre o autor e leitor e que no decorrer da estória poderá ou não ser quebrado. Um contrato frágil, no entanto extremamente valioso.

Talvez a pergunta principal seja: o que é um começo? Uma frase, um parágrafo, um capítulo?
Gosto de pensar que a primeira frase já pode, ou não, te fisgar, que ela representará um fator fundamental da narrativa, o estilo da própria. 

Alguns inícios podem ser simples, porém promissores, como Moby Dick: "Chamai-me Ishmael." - assim mesmo, com H, que foi suprimido pela edição da Martim Claret. Veja só, uma simples informação - um nome apenas - como se você comprasse a pequena história de alguém e ganhasse uma viagem ao mundo.

Outros começos são como avisos: fique atento, não se exceda, não pense que é fácil, pois se fácil fosse não estaríamos eu e você aqui. Como em Duna de Frank Herbert. "É no início que se deve tomar, com máxima delicadeza, o cuidado de dar as coisas sua devida proporção." Acho que essa frase caiu lindamente neste post, mas vamos modificar um pouco: "É aos inícios que se deve dar as devidas proporções.".

Há ainda aqueles que são práticos e falam logo do que se trata. Neste estilo cito aqui dois exemplos de autores muito diferentes. 
Primeiro: Gabriel Garcia Márquez - O amor nos tempos do Cólera. "Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava o destino dos amores contrariados" 
Segundo: Kurt Vonnegut - Café-da-Manhã dos Campeões: "Esta é a história do encontro de dois homens brancos solitários, magros e relativamente velhos num planeta que estava morrendo rapidamente."  

Tem aqueles começos bonitos de ler, começos filosóficos, como o famoso trecho inicial de Anna Karenina, de Tolstói: “Todas as famílias felizes se parecem umas às outras; cada família infeliz é infeliz à sua própria maneira.” Mesmo que este seja contradito, até mesmo pelo próprio autor em outras obras, mesmo assim é uma boa dicotomia. 

Tem estilo, inícios e livros para todos os gostos isso é fato. Porém todos, sem exceção, possuem uma estratégia para prender a você - desconfiado leitor - o mais rápido possível, antes que possa ir e nunca mais voltar. Nunca duvide, até os inícios mais toscos foram pensados com este intuito, mas se a cabeça era pensante ou não, aí é outra história.

Gostaria de conhecer seus inícios preferidos. Tem? Comenta aqui =D
Que conhecer alguns inícios terríveis? Dá uma olhada neste post aqui ó!

Bjos a todos!




6 comentários:

  1. Fê, meu início preferido é o do livro "As Intermitências da Morte"... Não tem como não enlouquecer com a frase: "naquele dia ninguém morreu".

    Abraços, Isabela.
    www.universodosleitores.com

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    Respostas
    1. Oi Isa =D
      Bom inicio mesmo, não conheço este livro mas procurar ele!
      Bjosss

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  2. Ohhhh... meu inicio preferido... A Maldiçao do Cigano.

    O inicio me marcou porque o primeiro paragrafo se tratava de uma sò palavra:

    - Emagrecido!

    Achei extremamente intrigante :)

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  3. Amei o seu post, achei ele tão amrcante, não sei porque, mais senti muito profundidade e sentimento nele.
    Seguindo sei blog.
    beijos!!!
    palavrapequenas.blogspot.com

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  4. Oi Fê, muito legal o post.
    Neste estilo de leitura, para entender como o escritor cria enredos para nos prender, estou lendo Como ler romances como especialista e estou me surpreendendo.
    Bjos!!
    Andréia
    Sentimento nos Livros

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  5. Belo texto!
    A primeira frase que mais me chamou a atenção de todos os livros que li até hoje é esta:

    "É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma bela fortuna necessita de uma esposa"
    - Jane Austen, Orgulho e Preconceito

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